Mais um final de semana em ritmo de vendaval. Parece que o mundo tá com pressa. Impressão minha ou o tempo tem corrido ultimamente? Bem, sem muita filosofia por agora - porque ficar filosofando muito nesse tempo de garoa paulistana é complicado. Vou postar aqui um trecho do artigo que estou escrevendo sobre Artes, Tecnologia e Design de Moda. Ainda é uma análise geral, não entrei no objeto de estudo em si, mas penso em publicar aqui para constar como a primeira intrega ao orientador - entrega aliás que será amanhã., e no mês que vem acontece a segunda entrega já completa. E claro que eu, como aluno aplicado que sou (só pra massagear um pouco o ego), tenho tudo pronto desde ontem. Lembrando novamente que o post do artigo a seguir é somente para constar, já que me dispus a levar este blog como um diário eletrônico dos meus processos acadêmicos.
"Universidade Anhembi Morumbi
Campus de Artes, Design, Moda e Arquitetura
Autor: Rodrigo P. Paiva
1 O Design de Moda como universo midiático de interação
O âmbito do design é tão abrangente quanto as áreas do conhecimento existentes. Tratando mais especificamente do Design de Moda, constatamos a versatilidade e maleabilidade de seu encaixe nos mais diversos campos de atividades, sejam elas de qual ramo forem.
No universo das artes, as afinidades são claras e de fácil assimilação. Logicamente que tratando do Design de Moda e sua discussão sobre o limite entre arte e design (na sua concepção científico-projetual), encontramos diversos argumentos e possibilidades.
Mas dentro do pressuposto de que a arte está presente no Design de Moda como elemento integrante do seu universo (tão somente integrante), conseguimos nos aproximar do pensamento de que são campos similares, tratando da autoralidade e processo criativo influenciado por vertentes artísticas.
Não obstante, presenciamos a crescente integração tecnológica entre os diversos universos midiáticos. E a Moda não fica a par desse processo.
Não somente o universo das artes se propõe a fundir-se com os a expositividade do Design de Moda, mas todo o campo voltado à inovação e percepção de contemporaneidade. Ainda mais se tratarmos das áreas circunscritas na tecnologia e novos materiais. Como tratado por Lipovetisky (2005), todo esse potencial inovador é buscado incessantemente pela Moda, como fundamento essencial de sua estrutura.
Dentro da intersecção entre esses diversos “mundos”, trazemos a coexistência entre a Moda e o universo artístico integrado ainda com a tecnologia. Pode até parecer complexo, mas não é. Pensando em três universos distintos entre si, podemos observar claramente a presença de espaços de interação compartilhados mutuamente. Pontos em que as áreas de conhecimento se cruzam e se transformam em uma experiência híbrida de geração de novos conceitos e conhecimento propriamente dito.
1.2 Interação Artes – Tecnologia – Moda
Visualizando os subtemas propostos para a concepção deste projeto, destrincharemos o mundo das artes em quatro partes: teatro, dança, performance e vídeo-internet. Dentro destas divisões artísticas encontramos sempre espaços de interação artístico-tecnológica. Segundo Villaça (2007, p. 31):
“É a crise do distanciamento entre sujeito e objeto que se busca considerar diante dos novos impactos das tecnologias comunicacionais (...). O sujeito hoje perde progressivamente seu lugar diante do objeto, assumindo mesmo sua etimologia de subjectum. Vai-se a distância ótima que facultava o discernimento e a classificação”
E é realmente isso que ocorre no universo artístico. Começando pela arte teatral, nos deparamos com a constante necessidade de interação público-enredo. Novas vertentes do teatro contemporâneo buscam na tecnologia a solução para esse problema. Utilização de streamming, em que personagens interagem dentro de uma peça teatral, contudo, a milhares de quilômetros de distância. Elementos iconográficos, telões interativos, projeções holográficas, internet e até telefones celulares são meios achados por muitas companhias para auxiliar na inclusão direta do público no espetáculo, de forma dinâmica e real.
O mesmo acontece nos espetáculos de dança. Tratando-se ainda da intermidiatilização, componentes eletrônicos e softwares integrados ao corpo de dança e sua coreografia. Eles traduzem, por meio de elementos sonoros, luminosos e imagéticos, a sensação de comprometimento com o público. Tomando ainda a concepção de que esses elementos contribuem para a consolidação do sentimento expresso em cada movimento e expressão corporal.
As performances também se caracterizam pela utilização de recursos tecnológicos para os mesmos fundamentos da dança. Ampliar as sensações e ampliar a percepção do público perante o que é proposto pelo espetáculo.
Enquanto que o cinema e vídeo, aliado à internet, já são componentes tecnológicos em si. É a própria arte e tecnologia fundidas, pois constituem sua estrutura como um todo. Ainda segundo Villaça (2007), pela internet, a visibilidade e o potencial interativo proporcionado pelo meio, é de grande valia para o meio artístico
Porém, toda a integração desses dois universos, ainda pode ser estendida para a Moda. Pensando na integração da Moda com o campo das novas tecnologias, trazemos o campo artístico como elemento de referência para a criação de conceitos de imagens de moda. Interação de materiais nas coleções, elementos de tecnologia nas apresentações de desfiles e editoriais, já são vistos com maior freqüência na entrada do século XXI.
1.3 Grupo Cena 11
Como proposto neste projeto (que busca a integração dos três universos), trataremos de utilizar como foco o grupo de dança contemporânea Cena 11. Consiste em um grupo brasileiro, reconhecido internacionalmente por sua vertente tecnológica, ousadia diante de temas-chaves de coreografias e elementos acessórios utilizados em cena.
Segundo o site do grupo:
“O Grupo Cena 11 Cia. de Dança desenvolve uma técnica particular e instaura projetos de pesquisa e formação, sempre com o propósito de confluir teoria e prática no entendimento de dança. Um núcleo de criação, com formação em várias áreas, compõe a base para uma produção artística em que a idéia precisa ganhar expansão num corpo e organizar-se como dança. As produções da companhia são: Respostas sobre Dor (1994); O Novo Cangaço (1996); In'Perfeito (1997); A Carne dos Vencidos no Verbo dos Anjos (1998); Violência (2000); Projeto SKR (2002); SKINNERBOX (2005) e Pequenas frestas de ficção sobre realidade insistente (2007).”
Ainda de acordo com o site do grupo, o coreógrafo Alejandro Ahmed, é também diretor artístico e bailarino do Cena 11. É responsável pelo desenvolvimento de coreografias que introduziram a técnica que “objetiva produzir uma dança em função do corpo. Esta técnica foi nomeada de ‘percepção física’ e é um dos pontos que estrutura o trabalho de Alejandro Ahmed. Seu olhar sempre esteve voltado para os limites do corpo e as possibilidades que este propõe para a transformação do corpo do outro, sendo este "outro" um espectador e/ou um cúmplice da ação a que o corpo é submetido.”
Como foco de estudo, estabelecemos a busca e pesquisa sobre o espetáculo “Respostas sobre Dor”, realizado em 1994.
1.4 Público alvo
O publico alvo que almejamos se resume em uma mulher e um homem, de características jovem-adulto, de poder aquisitivo elevado e que não estão interessados em se mostrarem como elite (diante das configurações de estilo inerentes à esta classe). Preferem construir uma imagem ‘desgastada’, com roupas expostas a lavagens desgastantes, desconstrutivas, porém, prezam pela marcas de luxo. São possuidores de comportamento moderno, boêmio, com certo apelativo sexual. A mulher se destaca como personalidade mais enérgica perante a figura masculina, que carrega uma certa ‘submissão’ perante a persona feminina.
REFERÊNCIAS
BERNARD, Malcolm. Moda e Comunicação. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
CASTILHO, Kathia. Moda e linguagem. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2004.
GARCIA, Milton. Corpo, mídia e representação: estudos contemporâneos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
GRUPO CENA 11. Disponível em: < http://www.cena11.com.br/html/grupo.html>. Acesso em: 18 de setembro de 2009.
GRUPO CENA 11. Disponível em: < http://www.cena11.com.br/html/coreogra.html>. Acesso em: 18 de setembro de 2009.
LIPOVESTISKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seus destinos na sociedade moderna. São Paulo: Cia das Letras, 2005.
VILLAÇA, Nízia. A edição do corpo: tecnociência, artes e moda. São Paulo: Estação da Letras, 2007."